Lá como cá,
a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Sabe aquele acidente horrível na
Argentina, quando mais de 50 pessoas morreram na estação ferroviária de Once
quando um trem não conseguiu frear? Pois então, a suspeita mais consistente
sobre a causa principal do acidente é uma falha mecânica: o sistema de freios
da composição simplesmente não funcionou quando precisava funcionar.
A máquina
que movia o trem era uma locomotiva com mais de 40 anos de uso e a manutenção
mecânica feita pela empresa concessionária TBA nos seus equipamentos é
reconhecidamente deficiente. Mas a direção da TBA quer, de todas as formas,
respon-sabilizar o maquinista Marcos Antônio Córdoba, dizendo que ele não avisou
o centro de controle da empresa que havia deficiência nos freios.
As alegações
da concessionária são claramente diversionistas, querendo “tirar o corpo fora”,
principalmente quando o Governo argentino está ameaçando punir a empresa,
inclusive com o cancelamento da concessão. Colocar a culpa num pobre empregado
parece ser um caminho fácil para escapar das responsabilidades.
A alegação é
bastante estranha, mesmo porque não se pode exigir de ninguém que “adivinhe” o
que vai acontecer com um mecanismo como o sistema de freios de uma composição
ferroviária. Além do mais, conforme denúncias que surgem, os empregados que
denunciavam as deficiências da ferrovia ou dos equipamentos eram sumariamente
dispensados pela empresa.
O caso
lembra o episódio do bonde de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, que também teve
problemas nos freios e também era um equipamento com cerca de 50 anos de uso.
Faltou freio, o bonde capotou, seis pessoas morreram e... o culpado foi o
motorneiro, claro!
Só que, no
caso do bonde de Santa Teresa, o motorneiro morreu no acidente. Não teve como
se defender. Assim fica mais fácil arrumar um culpado, né?
Os
dirigentes da TBA devem estar lamentando o fato do maquinista Córdoba não ter
morrido também.
Fotografia:
Portal Terra (http://noticias.terra.com.br)