sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ursos chorões e corvos puxa-sacos


Até onde vai a credulidade das pessoas? Essa característica do ser humano deve ser bastante elástica, pois muita gente se deixa enrolar por certas patranhas cabeludas que dá no que pensar.
É nisso que se baseiam os mitos, muitos deles criados para endeusar simples mortais eventualmente alçados à condição de líderes espirituais ou políticos (às vezes, as duas coisas juntas).
Na Coréia do Norte, onde o culto à personalidade é comum, funciona isso. Só assim para acontecer toda aquela choradeira quando o ditador Kim Jong-il morreu, recentemente. O pai dele, o velho Kim Il-sung, ditador do país desde a sua fundação em 1948 e morto em 1994, ainda hoje é cercado por uma aura de heroísmo com fundamentação puramente mitológica. A ele são atribuídos fatos tão miraculosos quanto estapafúrdios, como o domínio do tempo e outras maluquices do gênero.
Estudiosos atribuem essa prática à necessidade de suprimento à carência de qualidades que  efetivamente possam contribuir para o exercício do poder, como parece ocorrer agora, depois que Kim Jong-il morreu, deixando o comando do país para seu filho Kim Jong-un. Analistas da política internacional desconfiaram, desde logo, da falta de predicados mais consistentes no jovem gorducho para conduzir uma nação, mesmo em se tratando da Coréia do Norte.
É preciso, então, sacralizar o dirigente. Só assim para que o povo entenda as suas atitudes, mesmo as mais destranbelhadas, como ações fundamentais para o bem-estar do povo. A primeira providência foi espalhar a semelhança física entre Kim Jong-un e o seu falecido avô, o já endeusado Kim Il-sung. Convenhamos, a semelhança não é lá essas coisas, mas enfim...
E surgem mais disparates: a morte de Kim Jong pai está servindo de motivo para novas espertezas, como a história de um bando de corvos que de repente surgiu dos céus e se precipitou sobre a estátua do velho Kim Sung (o avô), para anunciar a ela (estátua) a morte do filho querido. No mesmo dia, aquele no qual a morte do ditador foi oficialmente anunciada, uma ursa e sua cria foram vistas à beira de uma estrada, chorando copiosamente (tal e qual o grosso da população).
Se a credulidade popular dos norte-coreanos chega à idolatria dos seus líderes, por outro lado eles não têm muito a se orgulhar dos manipuladores de opinião, cuja criatividade não mostra condições de avançar além das fantasias sobre ursos chorões e corvos puxa-sacos. Se, pelo menos, fossem andorinhas ou falcões...
Em tempo: O rotundo líder coreano fez aniversário no domingo passado, dia 8 de janeiro. Não mande telegrama de felicitações, você pode se complicar. Além do mais, quantos anos ele comemorou?
Crédito fotográfico: Portal G1 (http://g1.globo.com/mundo/)

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