A ONG
Internacional Comitê para a Proteção dos Jornalistas está alarmada com o grande
número de jornalistas – especialmente cinegrafistas e fotógrafos, que também
fazem parte da categoria – mortos em conflitos bélicos ao redor do mundo. Um
relatório da organização aponta que esse segmento responde por uma parcela 40%
maior que a dos repórteres, no total de óbitos de jornalistas em regiões de
conflitos, sejam guerras, revoluções, insurreições ou guerrilhas. O mesmo
documento ressalta que, em 2011, o número de vítimas fatais nessas condições
foi o dobro da média histórica, baseada em dados coletados desde o ano de 1992.
Foram
destacadas, no relatório da ONG, as mortes do cinegrafista francês Gilles
Jacquier, de 43 anos, na Síria, dos fotógrafos Tim Hetherington (inglês) e
Chris Hondros (norte-americano), na Líbia, todos eles profissionais laureados
por ações em outros conflitos bélicos e, portanto, já devidamente calejados na
atividade.
A grande
pergunta da ONG é: por que morrem tantos fotógrafos e cinegrafistas nos
conflitos armados da atualidade? Várias razões foram apontadas.
Apenas para
apimentar a polêmica, a resposta parece relativamente simples e óbvia: é que
hoje em dia a mídia é muito mais dinâmica que antigamente. Além disso – e por
isso mesmo – a ‘fome’ por sangue nas redes de TV é cada vez mais insaciável.
Cada vez mais é preciso produzir cenas chocantes e fortes, sempre mais próximas
da realidade (vem aí a 3D para agradar ainda mais os sanguinários de plantão).
Alguém ouviu
(ou viu) nos livros de história, mesmo os mais pormenorizados, que algum
jornalista morreu na Guerra do Peloponeso, lá pelos idos do século IV a.C.? Pelo
que se sabe, o primeiro ‘jornalista’ a morrer numa guerra foi o soldado
ateniense Pheidippides,
que morreu de cansaço (e burrice) depois de correr 42 quilômetros entre a
planície de Maratona e a cidade de Atenas, só lhe restando forças, ao chegar,
para dar a notícia: “vencemos”. E caiu fulminado. Vários ‘cronistas’ da
antiguidade talvez possam ser considerados nesse rol, pois relataram
experiências de guerra, como o caso do romano Júlio César, que descreveu vários lances bélicos em seu diário De Bello Galico. Na foto, imagem do
primeiro correspondente de guerra dos tempos contemporâneos, o irlandês William
Howard Russell, na cobertura da Guerra da Criméia, conflito entre russos e
ingleses (com apoio dos franceses), na região da atual Ucrânia, na década de
1850.
Hoje em dia, com
tanto ‘paparazzo’ em todo lugar, as guerras e assemelhados constituem um
atrativo campo de atuação. E vira e mexe, um ou outro está recebendo um prêmio
pela ‘cobertura’ de um entrevero do qual a maioria não teve coragem de se
aproximar. É a vida moderna, enfim...
Crédito fotográfico:
Wikipédia (http://pt.wikipedia.org)
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