terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Por que morrem tantos fotógrafos?

A ONG Internacional Comitê para a Proteção dos Jornalistas está alarmada com o grande número de jornalistas – especialmente cinegrafistas e fotógrafos, que também fazem parte da categoria – mortos em conflitos bélicos ao redor do mundo. Um relatório da organização aponta que esse segmento responde por uma parcela 40% maior que a dos repórteres, no total de óbitos de jornalistas em regiões de conflitos, sejam guerras, revoluções, insurreições ou guerrilhas. O mesmo documento ressalta que, em 2011, o número de vítimas fatais nessas condições foi o dobro da média histórica, baseada em dados coletados desde o ano de 1992.
Foram destacadas, no relatório da ONG, as mortes do cinegrafista francês Gilles Jacquier, de 43 anos, na Síria, dos fotógrafos Tim Hetherington (inglês) e Chris Hondros (norte-americano), na Líbia, todos eles profissionais laureados por ações em outros conflitos bélicos e, portanto, já devidamente calejados na atividade.
A grande pergunta da ONG é: por que morrem tantos fotógrafos e cinegrafistas nos conflitos armados da atualidade? Várias razões foram apontadas.
Apenas para apimentar a polêmica, a resposta parece relativamente simples e óbvia: é que hoje em dia a mídia é muito mais dinâmica que antigamente. Além disso – e por isso mesmo – a ‘fome’ por sangue nas redes de TV é cada vez mais insaciável. Cada vez mais é preciso produzir cenas chocantes e fortes, sempre mais próximas da realidade (vem aí a 3D para agradar ainda mais os sanguinários de plantão).
Alguém ouviu (ou viu) nos livros de história, mesmo os mais pormenorizados, que algum jornalista morreu na Guerra do Peloponeso, lá pelos idos do século IV a.C.? Pelo que se sabe, o primeiro ‘jornalista’ a morrer numa guerra foi o soldado ateniense Pheidippides, que morreu de cansaço (e burrice) depois de correr 42 quilômetros entre a planície de Maratona e a cidade de Atenas, só lhe restando forças, ao chegar, para dar a notícia: “vencemos”. E caiu fulminado. Vários ‘cronistas’ da antiguidade talvez possam ser considerados nesse rol, pois relataram experiências de guerra, como o caso do romano Júlio César, que descreveu vários lances bélicos em seu diário De Bello Galico. Na foto, imagem do primeiro correspondente de guerra dos tempos contemporâneos, o irlandês William Howard Russell, na cobertura da Guerra da Criméia, conflito entre russos e ingleses (com apoio dos franceses), na região da atual Ucrânia, na década de 1850.
Hoje em dia, com tanto ‘paparazzo’ em todo lugar, as guerras e assemelhados constituem um atrativo campo de atuação. E vira e mexe, um ou outro está recebendo um prêmio pela ‘cobertura’ de um entrevero do qual a maioria não teve coragem de se aproximar. É a vida moderna, enfim...
Crédito fotográfico: Wikipédia (http://pt.wikipedia.org)

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