Foi preso nesta semana, em Goiânia, o cidadão
José Francisco das Neves e mais dez pessoas, envolvidos num esquema de
trambiques ferroviários. José Francisco, também conhecido pelo carinhoso
apelido de Juquinha, foi presidente
da Valec. A operação da Polícia Federal que prendeu os maracuteiros foi
batizada por Trem Pagador. Mas,
afinal, o que tem o Juquinha a ver com trens e trambiques?
A Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias
S. A. é uma empresa pública, cujo dono é a União Federal. Isto é, todos nós,
cidadãos brasileiros, somos sócios dela. Sócios de tudo e donos de nada, como
já dizia um velho amigo meu. É a mesma situação dos Correios e do Banco do
Brasil, por exemplo. Entre outros objetivos, a Valec tem a incumbência de
gerenciar a construção de ferrovias pelo país afora, em regime de concessão do
Governo Federal. A obra mais importante é a construção da ferrovia Norte-Sul,
entre as cidades de Panorama, no Estado de São Paulo, e Belém do Pará, com
3.100 km de extensão. Pois o Juquinha foi presidente da Valec no período de 2003
a 2010. Durante oito anos, portanto. Não é que nesse período o Juquinha ficou
rico?
Pois então. Quando assumiu a presidência da
dita cuja, o Juquinha era um rapaz pobre. Remediado, digamos. Tinha um
patrimônio de pouco mais de 500 mil reais. Um carro, uma casa com TV e geladeira,
uma foto do time do Flamengo, essas coisinhas. Hoje tem um patrimônio de mais
de 65 milhões de pilas (o pila é a moeda oficial do Rio Grande do
Sul, mas, cá entre nós, também serve de sinônimo para o real). Fizeram as
contas? O patrimônio do Juquinha cresceu uns 13.000 por cento! Vá ser
presidente bão lá em Brasília, sô! Cargo melhor que esse só o de presidente da
CBF, né mesmo?
Não podia dar outra. A Polícia Federal, que
nutre uma inexplicável implicância com os cidadãos que se dão bem na vida,
enquadrou o Juquinha. Prendeu o dito cujo, a mulher dele e dois filhos. E mais
sete outras pessoas, pois a PF acha que ninguém consegue ganhar 65 milhões em
oito anos, só com o suor do rosto, trabalhando sozinho. E também apreendeu bens
do Juquinha avaliados em 60 millones.
Só por precaução, claro.
A estrada de ferro Norte Sul é um verdadeiro
milagre de prodigalidade. Já na época do José Sarney na Presidência da
República havia suspeitas de que alguma misteriosa mina de ouro se encontrava
no caminho da ferrovia. O Juquinha parece ter descoberto a sua localização. E
vejam bem: a estrada ainda não está nem funcionando. E há uma generalizada desconfiança
de que a mina seque assim que a ferrovia fique pronta.
Na foto: Na Valec, políticos brasileiros analisam
o “mapa da mina”. Pelas caras de satisfação, devem ter encontrado.
Imagem:
http://www.ferroeste.pr.gov.br
Aqui
a mina está secando!
Bem, se a mina da Norte-Sul não seca há
outras coisas que secam. A Nasa, aquela instituição norteamericana que explora
o espaço cósmico (mas, curiosamente, não deixou ninguém rico até hoje –
certamente por não ser brasileira) divulgou fotografias do planeta em que
vivemos tiradas por satélite (só podia ser, né?) em 1978 e agora, em 2012.
Sabem o que concluíram? As regiões desérticas da Terra estão aumentando e
algumas outras regiões, outrora verdes, agora também apresentam indícios de
desertificação.
A desertificação na Terra avança tanto quanto
a corrupção na política brasileira. Os desertos hoje ocupam cerca de 22% das áreas
sólidas da superfície terrestre. Há 34 anos, eram apenas 15%. A desertificação
ocorre sempre nas áreas secas, de clima árido, semi-árido e sub-úmido. Vários
lugares da África, inclusive Egito, o Oriente Médio, a China. a Índia e áreas
das Américas do Norte e Central são as regiões mais afetadas pela
desertificação. Mas o Brasil não está totalmente livre do perigo. O semi-árido
nordestino é a região mais comprometida. Também há focos no sul do Pará, norte
de Minas Gerais e oeste do Rio Grande do Sul.
O mau manejo do solo, o desmatamento, a ocupação
indiscriminada pela população (geralmente de baixa renda) e a falta de chuvas
(praticamente uma conseqüência) são as causas mais graves do fenômeno, permeado
pelo aquecimento global, tanto um dos seus fatores de causa como também de
efeito.
Há formas de combater a desertificação. O
reflorestamento, práticas agrícolas com irrigação (água captada do subsolo) e
hábitos preservacionistas e a melhoria do padrão de vida da população são
algumas medidas importantes. É claro: os 65 mi do trembiqueiro Juquinha, somados a tantos outros mi de tantos outros mutreteiros
cujo núcleo central se baseia na Capital da República ajudariam
consideravelmente a diminuir as áreas desérticas dessa faustosa nação auriverde.
Imagem:
http://realidadeconomica.es
Não
tem erro: errar é aprender
Você já cometeu algum erro hoje? Certamente
sim, embora às vezes as pessoas nem mesmo se dêem conta de terem errado. E
então? Você admite os seus erros? Costuma refletir sobre eles? E quais as
conclusões que tira disso?
O fato de errar é a coisa mais trivial que
existe. Todos nós erramos. Todas as nossas ações, desde as mais simples às mais
complexas, estão sujeitas a erros. E isso pode ser positivo. As lições mais
importantes da vida muitas vezes decorrem de erros cometidos.
Em muitos casos, a própria ciência se baseia
em erros. Já ouviu falar na técnica da “tentativa e erro”? Pois é! É a fórmula
empírica do experimento científico. Muitas descobertas aconteceram dessa forma.
A invenção da lâmpada por Thomas Edison, por exemplo. Os chineses inventaram a
bússola e os aborígenes australianos inventaram o bumerangue sem saberem explicar o que
estava acontecendo. Mas foram fazendo experiências até que a coisa deu certo.
Errando e aprendendo.
É exatamente isso. Consta que Edison, quando
trabalhava no seu projeto da lâmpada incandescente, tinha um patrocinador que
arcava com as despesas da pesquisa e também da remuneração do inventor.
Decepcionado com os sucessivos insucessos de Edison, o patrocinador sugeriu que
se dessem os trabalhos por encerrados. Ao ouvir essa decisão, o inventor
retrucou: por que desistir agora, quando
já sabemos muitas maneiras de como não fazer uma lâmpada? Já avançamos muito
e hoje estamos mais próximos do que antes, de conhecer a forma certa de fazer
as coisas.
O primeiro passo para tirar proveito do erro
é admiti-lo. Persistir no erro é teimosia, é burrice, como já se disse um
montão de vezes. Admitir o erro, refletir sobre ele para não repeti-lo e para
fazer as coisas de outro modo, é o caminho mais sábio. Não admitir o erro é o pior
erro que a pessoa pode cometer.
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