sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Do homo ao húmus, a vida continua


Um assunto muito em voga atualmente é o desenvolvimento dos seres humanos e a sua possível (provável seria o termo mais adequado) transmutação para um estado mais aperfeiçoado num futuro (não muito) remoto. Dessa discussão estão participando cientistas das mais diversas áreas do conhecimento, mas são os filósofos que dão as tintas do que seria a “geração do futuro” ou, nas palavras da maioria deles, a espécie do pós-humano. Compilando as lucubrações de muitos desses pensadores, pode-se também chamar aquilo que eles projetam para a posteridade de Homo selectus, na senda da história do desenvolvimento da raça, que assim prosseguiria a sua trajetória iniciada pelo Homo habilis ou pelo Homo erectus (depende da interpretação – tem gente que garante que nem todos os humanos, especialmente os machos, tem o gene do erectus), até o atual estágio do Homo sapiens.
Realmente, se confirmadas as previsões dos estudiosos (e tudo indica que serão), teremos no futuro o ser humano configurado de acordo com uma receita pré-elaborada. A preocupação é saber por quem. Com efeito, já hoje é possível a geração de fetos in vitro, como se denomina a técnica de criar embriões humanos em laboratório. A evolução dessa técnica certamente convergirá para a possibilidade de ser conduzida de forma a gerar seres de acordo com as vontades ou conveniências dos direta ou indiretamente interessados. Trocando em miúdos: será possível manipular a técnica de fertilização de forma a gerar uma criança do sexo “a” ou “b” (ou “c” ou “d”, sabe-se lá). loira ou morena, de estatura alta ou baixa, de olhos azuis ou pretos e assim por diante. Alguns desses atributos já podem ser alcançados com o estágio técnico atual, mas ela (a técnica) tende a evoluir – e muito! – até um ponto em que as próprias características de ser humano venham a ser alteradas. Estaria então criado o pós-humano ou o Homo selectus, como queiram.
Como já foi citado acima, a preocupação reside em quem vai ditar a receita dessas mudanças. Há pesquisadores que defendem a divisão da atual raça humana em duas subespécies: a do Homo sapiens propriamente dito e a do Homo stultus, essa última integrada por aquela parcela da humanidade devidamente reconhecida pelas suas anomalias fisiológicas, com destaque especial para a inversão das funções cerebral e intestinal. Se couber aos representantes dessa última subespécie a tarefa de configurar os Homo selectus obviamente a humanidade caminhará celeremente para uma insopitável involução, o retorno às origens, talvez culminando naquilo que teríamos sido há alguns milhares de anos, uma espécie um pouco mais evoluída de primatas.
A preocupação procede. A par dos notáveis avanços tecnológicos e do inquestionável desenvolvimento da ciência em todas as suas áreas, muitos homens (e muitas mulheres também) estão apresentando uma estrambólica tendência ao inusitado, aos comportamentos alienados que constituem as características principais daquela subespécie de Homo stultus acima mencionada. Com efeito, enquanto alguns estão procurando encontrar o bóson de Higgs, a maioria está mesmo preocupada com o bumbum da Mulher Melancia (entre outras). A pensar que essa maioria teria a chave da configuração genética da raça futura, certamente veríamos, num primeiro momento, o mundo impregnado de cópias fiéis (ou infiéis) de Neymares e de Biebers, de Madonnas e de Bündchens. Só num primeiro momento, claro. Num segundo e num terceiro, e por aí afora, a humanidade certamente continuará o processo, até alcançar – de novo – a condição de viver em jaulas. E então não se saberá quem vai tomar conta do zoológico. Mas a vida continua...
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