sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Para salvar o mundo vale ferrar os mares?


Há muito tempo a humanidade vem buscando soluções para uma situação que pode comprometer a sua própria existência num futuro não muito distante. Os cientistas de todo o mundo estão alertando, há décadas, sobre os maléficos efeitos de um aquecimento global que estaria se aproximando, podendo tornar a vida humana no planeta Terra quase que inviável ou, pelo menos, extremamente dificultada, particularmente em determinadas regiões. Mas os interesses políticos de muitos governantes, aliados a um injustificado e inconfessado egoísmo faccioso, têm provocado o sistemático fracasso de
todas as iniciativas que possam ser tomadas em nível global para deter ou minimizar os efeitos dessa tragédia que ameaça a integridade da própria vida terrena. É nesses momentos que se percebe em toda sua extensão a mesquinharia humana, quase sempre travestida de “direitos”, os quais, estranhamente, via de regra protegem aqueles que já estão melhor protegidos e deixam à própria sorte os que anseiam por um destino menos cruel.
Pois os cientistas mais conscientes de suas responsabilidades e, por conseqüência, mais independentes em relação às idiossincrasias dos políticos que fazem as vezes de “donos do mundo”, estão desenvolvendo estudos que podem levar à minimização dos efeitos de um possível aquecimento substancial do planeta. Uma das alternativas que começam a ganhar corpo é o despejo de uma grande carga de micropartículas de ferro nos oceanos, como forma de incentivar a proliferação do fitoplâncton. Essa espécie de algas sofre, a exemplo de muitos humanos, de uma espécie de anemia e, portanto, é carente do elemento ferro, este por sua vez, ausente na maioria do ambiente oceânico.
O fitoplâncton é um ativo produtor de oxigênio e voraz consumidor de CO², a exemplo das florestas terrestres. Devido a extensão dos mares e ao volume das algas, o fitoplâncton absorve mais CO² do que todas as florestas juntas, mas é importante ressaltar que, hoje, o volume corresponde à metade do que havia há um século atrás. Essa redução se deve, em grande parte, ao enfraquecimento dos microorganismos, fenômeno que poderá ser revertido com as partículas de ferro, medida que, consequentemente, aumentará a absorção de CO².
Como a maioria dos projetos da chamada geoengenharia, esse também é alvo de muitas controvérsias. Uma boa parte do mundo científico é contrário, pois acredita que a proliferação de fitoplâncton prejudicará a vida marinha em geral pelo fato de consumir um volume muito significativo de oxigênio, “roubando-o” de outras espécies que vivem nos mares.
Pelo andar da carruagem, o consenso entre os cientistas não é menos remoto que o consenso entre os governantes que discutem o futuro do planeta. Pobres de nós, os viajantes desse astro condenado pela própria vida que nele se instalou.

 
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