terça-feira, 6 de março de 2012

Brasileiros e o chute no traseiro


Quase ninguém ignora o episódio proporcionado pelo secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, e a sua declaração de que os organizadores da Copa do Mundo de Futebol de 2014 precisavam de um “chute no traseiro” por causa dos atrasos nos preparativos para essa competição magna do futebol mundial.
Há quem veja na declaração do secretário geral uma ponta de crítica, não aos organizadores da Copa propriamente ditos, mas sim, aos representantes do Governo brasileiro por causa da “geladeira” em que foi colocado o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o todo-poderoso (até então) Ricardo Teixeira (na foto, com o beijoqueiro Valcke). Na verdade, Teixeira está sendo “fritado” e muita gente ligada ao esporte já dá por favas contadas o seu afastamento da entidade máxima do futebol tupiniquim ainda antes do pontapé inicial da dita cuja Copa do Mundo auriverde.
Os brasileiros, salvo pingadas exceções, sentiram-se ofendidos pela grosseria do secretário geral. Embora adoradores de chutes e pontapés, não os admitem fora dos palcos apropriados, especialmente em situações de flagrante vexame – ainda por cima nos próprios traseiros.
Apesar da irada resposta do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o fifeiro pediu desculpas colocando a culpa – como sempre – no mordomo. No caso, os tradutores, que não teriam sido capazes de verter corretamente os seus dizeres. Mais um episódio em que pedir desculpas não significa reconhecer a culpa, mas sim, transferir a culpa. E os mais humildes sempre pagam o pato, como o cachorro do quartel. Feito o pedido de desculpas, ele será aceito, obviamente, até porque recusá-lo seria uma grosseria tão ou ainda mais dogmática que a estupidez assacada por Jérôme Valcke.
Uma vez aceito o pedido escusatório tudo volta a ser como antes no quartel de abrantes. E os brasileiros que se sentiram atingidos pelo chute na bunda podem curti-lo à vontade. Jérôme atingiu o seu objetivo.
Ah, sim! Com relação à declaração do assessor da presidente Dilma, Marco Aurélio Garcia, de que Valcke seria “um vagabundo”, ela (a declaração) não vai fazer diferença nenhuma. Foi apenas para amortecer o chute.
Fotografia: Blog Tijolaço (http://www.tijolaco.com)

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