Diz a sabedoria popular que um dia é da caça e outro dia é do caçador. Se não fosse um
tombo no interior da cabana em que estava hospedado, a caçada aos elefantes em Botswana teria passado
despercebida. O azar do rei foi a malfadada e violenta bundada que lhe provocou
a fratura no fêmur e a conseqüente cirurgia de implante de prótese no quadril.
O acidente serviu para espalhar mundo afora a notícia de que Juan Carlos,
Primeiro e Único, Rei da Espanha desde o fim da ditadura franquista,
comprazia-se em caçar elefantes no país africano, menosprezando solenemente não
só a crítica situação econômica do seu país como também os princípios
ecológicos e ambientais da organização da qual é presidente de honra, a WWF
(World Wide Fund for Nature – Fundo Mundial para a Natureza), uma organização
internacional voltada à preservação dos recursos naturais.
Ao deixar o
hospital onde se submeteu à cirurgia, Juan Carlos declarou-se arrependido e
prometendo não mais repetir a cag, digo, a caçada. Mas é bom saber que o
rei é reincidente na prática de abater paquidermes em território africano. A
foto que ilustra a matéria é de 2006, quando o monarca pôs fim à vida de um
proboscídeo, abatido à sombra de um baobá, também em Botswana, país onde a caça
a esses animais é permitida. Permitida mas cobrada, à razão de 30.000 euros (cerca de
70.000 reais) por animal morto. Consta que, desta vez, pelo menos, Juan Carlos
livrou a coroa espanhola dessa despesa. Dizem as más línguas que matar um
elefante não é difícil. Difícil e enterrar o corpo. Deve ser por essa razão que
a taxa é alta. Mas mesmo assim compensa: ainda pior que enterrar o corpo é levar um elefante morto para a Espanha.
Quanto à WWF,
embora ameace expulsar o seu presidente de honra, provavelmente não o fará. A
internacionalização da ONG mostrou-lhe que o caminho das pizzarias,
especialmente em terras auriverdes, é mais suave.
Nenhum comentário:
Postar um comentário