terça-feira, 29 de maio de 2012

As montadoras na hora da verdade


Narcisus e Ptolomeu (Cisso e Pitolo para os íntimos – e para os nossos leitores) estão novamente na mesa do bar “jogando conversa fora” sobre os temas de interesse nacional.
Pitolo: Parece mais animado hoje, Cisso. Passou a raiva pela CPMI do Cachoeira?
Cisso: Não passou não, Pitolo. Não dá para engolir certas coisas. Mas ontem eu soube de uma notícia que me deixou um pouco mais otimista em relação ao governo da presidente Dilma Roussef.
Pitolo: A Dilma gosta de ser chamada de “presidenta”.
Cisso: Eu não gosto dessa palavra. Pode não estar errada, como dizem os linguistas, mas soa mal. É como dizer “estudanta”. Não fica feio? Nessa linha, logo teremos que chamar paciente feminina de “pacienta”, cliente de “clienta” e por aí afora...
Pitolo: É verdade, Cisso. Mas me conte sobre a novidade que mudou o seu humor...
Cisso: É a atitude da presidente Dilma em relação às montadoras de automóveis. Ela quer escarafunchar as contas das empresas para saber o lucro real delas. É que o governo baixou várias medidas para incentivar a venda de automóveis, como redução do IPI e redução dos juros e agora quer uma contrapartida das montadoras. Nada mais justo.
Pitolo: Eu também acho, Cisso. As montadoras devem estar ganhando horrores aqui no Brasil...
Cisso: Sem dúvida, sem dúvida. Em 2009, por exemplo, as multinacionais do setor tiveram prejuízos em todas as suas filias mundo afora, menos no Brasil...
Pitolo: E também fiquei sabendo que os carros brasileiros custam, na média, cerca de 10% mais do que os argentinos...
Cisso: Sim, embora as montadoras aleguem que a diferença é por causa do tal de “custo Brasil”.
Pitolo: Talvez por causa da carga tributária...
Cisso: Uma falácia. No caso dos automóveis, a carga tributária brasileira, que fica em torno de trinta por cento, não é maior do que em muitos países europeus. E os encargos sociais que incidem sobre os salários são amplamente compensados pelos ganhos menores dos trabalhadores brasileiros em relação aos europeus. A não ser que sejam comparados com os chineses...
Pitolo: Só que na China os trabalhadores são submetidos a um regime quase de escravidão...
Cisso: Exatamente. Não dá pra comparar. Eu tenho a certeza de que vai sair algum coelho desse mato. Com a redução dos lucros das montadoras, os automóveis brasileiros vão ficar ainda mais acessíveis...
Pitolo: Mas, segundo me consta, as montadoras são empresas de capital fechado, não têm a obrigação de mostrar os balanços...
Cisso: Sempre há uma maneira de descobrir onde as ostras escondem as pérolas. A primeira tentativa da presidente é na base do “paz e amor”. Ela vai chamar os empresários para conversar. Depois... bem, depois veremos o que vai acontecer...

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