terça-feira, 5 de junho de 2012

A empolgação dos castelos europeus


Segunda-feira à noite é hora do encontro do Cisso e do Pitolo na mesa do barzinho para o habitual bate-papo. Desta vez os temas políticos deram lugar a outro assunto um pouco diferente.
Pitolo: Então, Cisso, como está indo a CPMI do Cachoeira, hein?
Cisso: Não estou ligando muito pra essa CPMI da boca fechada. Os depoentes entram mudos e saem calados. Vamos ver o que vai dar depois dos ddepoimentos dos governadores de Goiás e Distrito Federal. Por enquanto, só baboseira, Pitolo. Por estranho que pareça, mudei o meu enfoque e agora estou matutando sobre um artigo que li num jornal há uns dez dias atrás. Não me sai da cabeça.
Pitolo: Que artigo é esse, Cisso?
Cisso: É uma matéria sobre
casamentos nos castelos da Europa. Casais brasileiros estão promovendo festas de casamento em vários castelos medievais da Europa, esbanjando  dinheiro inutilmente...
Pitolo: Também vi esse artigo, Cisso. Eles dizem que sai mais barato alugar um castelo na Europa do que um salão de festas no Brasil.
Cisso: Balela, Pitolo, balela. Pura balela. Depende do salão, é lógico! Até famílias pobres podem alugar um salão de festas no Brasil. É claro que elas nem vão perguntar o preço do salão de festas do Copacabana Palace. Além do mais, um casamento num castelo da Europa não fica só no aluguel. Começa com a viagem dos noivos, parentes, padrinhos, convidados... despesas de hospedagem desse pessoal todo, e por aí vai... você acha que isso tudo sai barato?
Pitolo: E o que tem demais que os caras gastem a grana que está sobrando?
Cisso: É verdade, a grana é deles e eles podem gastar do jeito que acharem melhor. Mas eu fico indignado com a futilidade dos seres humanos. Esse tipo de atitude vai na mesma linha daquelas das madames grãfinas, que gastam horrores para promover festas de aniversário de gatos e cachorros, compram roupas caríssimas para os bichos etc etc... é um esbanjamento que causa náuseas. Eu fico muito triste quando vejo tanta frivolidade sendo valorizada, quando vemos, por outro lado, um mundão de pobreza, de miséria, de seres humanos marginalizados, de crianças com fome, crianças abandonadas em abrigos esperando por uma adoção que nunca vem e tantas outras desgraças que afligem a nossa sociedade...
Pitolo: Começo a entender a sua aflição, Cisso. As pessoas simplesmente acham que o problema não é delas, não é com elas... se existem crianças com fome o problema é dos outros, do governo, sabe-se lá de quem...
Cisso: É um problema social, um problema da sociedade como um todo. E essas pessoas também fazem parte da sociedade, portanto é com elas também, sim senhor! Ao invés de promoverem um banquete num castelo da Europa ou uma festa de aniversário do cachorro elas podiam oferecer um jantar coletivo para crianças abandonadas ou fazer a doação do valor correspondente a uma instituição beneficente para tratar de dependentes químicos. A grana seria muito melhor aproveitada e garanto que as próprias pessoas se sentiriam melhor, com a consciência mais tranquila.
Pitolo: Pois é... existem tantos milionários por aí, que poderiam ser mais responsáveis...
Cisso: Claro, Pitolo. Alguém já disse que, aquilo que sobra para uns é o que está faltando para outros.
Pitolo: Eu não sou muito religioso, Cisso, mas acho que um dia vai ter a cobrança de atitudes como essas... e nem mesmo a Dilma vai conseguir segurar os juros dessa cobrança...
Cisso: Sem dúvida, Pitolo, sem dúvida... a Justiça tarda mas não falha. E nem sempre se trata da Justiça dos homens...

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