Segunda-feira à noite é hora do encontro do
Cisso e do Pitolo na mesa do barzinho para o habitual bate-papo. Desta vez os
temas políticos deram lugar a outro assunto um pouco diferente.
Pitolo:
Então, Cisso, como está indo a CPMI do Cachoeira, hein?
Cisso:
Não estou ligando muito pra essa CPMI da boca fechada. Os depoentes entram
mudos e saem calados. Vamos ver o que vai dar depois dos ddepoimentos dos
governadores de Goiás e Distrito Federal. Por enquanto, só baboseira, Pitolo.
Por estranho que pareça, mudei o meu enfoque e agora estou matutando sobre um
artigo que li num jornal há uns dez dias atrás. Não me sai da cabeça.
Pitolo:
Que artigo é esse, Cisso?
Cisso:
É uma matéria sobre
casamentos nos castelos da Europa. Casais brasileiros estão
promovendo festas de casamento em vários castelos medievais da Europa,
esbanjando dinheiro inutilmente...
Pitolo:
Também vi esse artigo, Cisso. Eles dizem que sai mais barato alugar um castelo
na Europa do que um salão de festas no Brasil.
Cisso:
Balela, Pitolo, balela. Pura balela. Depende do salão, é lógico! Até famílias
pobres podem alugar um salão de festas no Brasil. É claro que elas nem vão
perguntar o preço do salão de festas do Copacabana Palace. Além do mais, um
casamento num castelo da Europa não fica só no aluguel. Começa com a viagem dos
noivos, parentes, padrinhos, convidados... despesas de hospedagem desse pessoal
todo, e por aí vai... você acha que isso tudo sai barato?
Pitolo:
E o que tem demais que os caras gastem a grana que está sobrando?

Pitolo:
Começo a entender a sua aflição, Cisso. As pessoas simplesmente acham que o
problema não é delas, não é com elas... se existem crianças com fome o problema
é dos outros, do governo, sabe-se lá de quem...
Cisso:
É um problema social, um problema da sociedade como um todo. E essas pessoas
também fazem parte da sociedade, portanto é com elas também, sim senhor! Ao
invés de promoverem um banquete num castelo da Europa ou uma festa de
aniversário do cachorro elas podiam oferecer um jantar coletivo para crianças
abandonadas ou fazer a doação do valor correspondente a uma instituição
beneficente para tratar de dependentes químicos. A grana seria muito melhor
aproveitada e garanto que as próprias pessoas se sentiriam melhor, com a
consciência mais tranquila.
Pitolo:
Pois é... existem tantos milionários por aí, que poderiam ser mais
responsáveis...
Cisso:
Claro, Pitolo. Alguém já disse que, aquilo que sobra para uns é o que está
faltando para outros.
Pitolo:
Eu não sou muito religioso, Cisso, mas acho que um dia vai ter a cobrança de
atitudes como essas... e nem mesmo a Dilma vai conseguir segurar os juros dessa
cobrança...
Cisso:
Sem dúvida, Pitolo, sem dúvida... a Justiça tarda mas não falha. E nem sempre
se trata da Justiça dos homens...
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