sábado, 28 de julho de 2012

Melancolia de domingo


Você também se sente melancólico nas tardes de domingo? Cuidado, esse estado pode representar um passo importante no processo de involução da espécie humana. Domingo é o dia da inversão. Acontece o inverso (ou quase isso) do que normalmente ocorre nos outros dias: para a maioria não há trabalho (pelo menos o rotineiro), acorda-se tarde, come-se bem e fartamente, alguns bebem, é possível dormir de dia, normalmente tem futebol (para os que gostam), cinema, etc, etc. Em outras palavras, é sair da rotina.
É um dia de calma. A calma vai invadindo a alma da gente e se espraia pelo corpo todo, provocando um torpor, uma languidez, que acaba num esmorecimento dos sentidos chegando às raias da tristeza.
Isso no domingo à tarde (toda a tarde), ao contrário do domingo pela manhã, quando tudo parece alegre, famílias preparando o almoço domingueiro, churrasco em muitas casas, crianças correndo e brincando... enfim, alegria à solta. A tarde do domingo parece ser o inverso da manhã do mesmo dia. O clima fica mais pesado, mais melancólico, mais triste. Há pessoas que têm essa sensação ao fim da tarde, outros durante a tarde toda e outros, ainda, nem sequer a percebem. Depende da sensibilidade de cada um.
O fenômeno ainda carece de uma investigação mais profunda, embora exista uma série de explicações mais ou menos empíricas, a principal delas traçando alguma ligação com a expectativa do trabalho na segunda-feira, de uma semana agitada ou de compromissos pouco agradáveis no dia seguinte. Mas a sensação de tristeza acomete também aqueles que não têm qualquer tipo de obrigação nos dias seqüentes, como os aposentados e pessoas em férias. A impressão é de que a tristeza é contagiosa e que a tarde de domingo representa algum tipo de agravante. O que seria?
Outra explicação se refere a uma pausa natural do organismo humano marcando a transposição de um pequeno ciclo de atividades representado pela semana. Tenham compromissos em perspectiva ou não tenham, o organismo das pessoas (incluindo – principalmente – o psíquico) também se vincula aos ciclos e inconscientemente o indivíduo tende a elanguecer, torna-se abatido e esse estado leva a uma inevitável sensação de tristeza e melancolia. Nessa situação o inconsciente humano provocaria um auto-isolamento espontâneo no qual a pessoa tende a fechar-se em si mesma.
Como sempre tem alguém querendo tirar proveito de tudo, parece que esse estado é matéria prima ideal para as redes de televisão. Nas tardes de domingo elas apresentam a programação mais repleta de futilidades de toda a sua grade semanal, tendente mesmo a provocar a imbecilização dos desavisados telespectadores, já naturalmente contaminados pelo tédio do momento. A depender dos propósitos de faustões, gugus e assemelhados podemos concluir que o pós-humano acabará sendo a negação do darwinismo.
Domingo 1: (http://olhares.uol.com.br)

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