Você já teve o cartão de crédito recusado em
algum estabelecimento? Se não, parabéns! Você realmente é um cidadão (ou
cidadã) consciente de suas responsabilidades e muito cuidadoso(a) com as suas
coisas. E, sobretudo, tem muita sorte. Porque às vezes pode acontecer, e já
aconteceu com muita gente, inclusive com alguns que se consideram (ou que
efetivamente são) gente importante. É o típico caso daquele chavão “isso
acontece com as melhores famílias”.
E quando acontece, é aquele constrangimento
medonho. É uma vergonha total, aquele caso de não se saber onde enfiar a cara.
Por azar, quando acontece, acontece sempre com uma plateia presente. Presente e
ululante. Torcendo pra que tudo dê errado mesmo, quanto mais errado melhor.
Você olha para os lados e só vê aqueles sorrisinhos amarelos no rosto das
pessoas e não sabe se é compreensão, compaixão ou gozação.
E o pior de tudo é que muitas vezes você não
tem a menor culpa. Suas contas estão absolutamente em dia, a conta do cartão
foi religiosamente paga, ele (o cartão) está totalmente sob controle e, enfim, não há nada de
errado consigo. Mas a caixa (ou quem faça as vezes) é implacável: o seu cartão foi recusado, sinto muito!
Já aconteceu comigo, mas não me abalei, pelo menos na primeira tentativa. O
cartão Vixe foi recusado? Não faz
mal, saquei outro: experimente passar o
cartão Mastigard. A caixa: Desculpe,
senhor, mas também não deu certo. Retruquei: experimente na opção débito. Lá veio: infelizmente o seu saldo não é suficiente, senhor! Tri-humilhado,
não tive coragem de olhar para as pessoas da fila, simplesmente deixei as
compras no carrinho, puxei minha mulher pelo braço (ainda mais essa, estava com
a patroa, ela mais vermelha que um tomate em fase de pré-apodrecimento!) e sumi
dali o mais rápido possível. Fui direto ao banco e entrei vociferando: o que aconteceu com os meus cartões? Com o
saldo da minha conta? Exijo explicações! O bancário atendente pegou meu
cartão (um deles) consultou o computador e informou: não está acontecendo nada de errado, senhor. O seu cartão está
perfeitamente normal, todos eles, aliás. Seu saldo é positivo, de x reais
(quantia umas dez vezes maior que a compra que fazia no maldito supermercado).
Agradeci as informações e decidi voltar ao estabelecimento que me fizera passar
a vergonheira. Minha mulher me dissuadiu: não
vale a pena, a maquininha deles deve estar estragada, não vai adiantar nada,
vão das uma desculpinha e fica tudo por isso mesmo. Conclui que ela tinha
razão e deixei pra lá. Pra lá não, para aquele supermercado eu nunca mais
voltei, mas o episódio me deixou com um certo trauma: todas as vezes que vou
passar um cartão num estabelecimento eu fico nervoso, chego quase a suar frio.
Mas o ocorrido comigo não é nada. Tem coisa
pior e, quando mencionei lá atrás que isso pode acontecer com as "melhores
famílias", não estava exagerando. Veja o caso da toda-poderosa Air France. Num vôo
entre Paris e Beirute, no Líbano, o avião precisou fazer um pouso de emergência
em Damasco, porque em Beirute o aeroporto estava fechado. A opção seria Omã,
mas o combustível não seria suficiente. A única saída foi, então, a capital
síria, onde a aeronave precisava ser reabastecida. Mas aí veio o problema. O
cartão da empresa foi recusado! Você deve estar pensando: mas as grandes empresas não têm crédito nos aeroportos? Não tem uma
espécie de conta, não podem “por no prego” um abastecimento? Acho que até
devem ter, mas no caso da Air France e da Síria, o problema é que a empresa
aérea cancelou todos os seus vôos para aquele país por conta da guerra civil
que está grassando por lá. E a recusa do cartão deve ter sido uma espécie de
retaliação (para quem não sabe, os governos da Síria e da França não se bicam
faz tempo).
O capitão da aeronave chegou a pedir aos
passageiros que se preparassem para “fazer uma vaquinha” para colocar um mínimo
de gasosa no tanque, o suficiente para chegar a Beirute. Todo mundo se coçou e
já tinham preparado uma listinha, quando o capitão informou que a empresa “havia
dado um jeito” e conseguira encher o tanque. Ninguém ficou sabendo o quantum necessário se não houvesse “acordo
entre as partes”.
Muito bem. Agora, se você já teve um cartão
recusado, pode ficar aliviado. Não é só com você. Acontece até com as melhores
famílias.
Imagem
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