A história não é das mais recentes, mas vale
a pena contar por se tratar de um fato realmente insólito. Além disso, a vítima
principal da ocorrência ainda se encontra desmemoriada e, segundo a família,
com sério distúrbio mental decorrente do acidente. Aconteceu no início deste
ano, em Buenos Aires. Não se tratou de um “boi nos aires”, como jocosamente os
brasileiros denominam a capital argentina, mas sim de um “gato nos aires”.
Aconteceu assim: um casal discutia acaloradamente no interior do apartamento em
que vive, no quarto andar de um conjunto habitacional de Belgrano, bairro
portenho. Objetos diversos voavam de um lado para o outro no interior do lar,
até que o marido, por falta de munição mais adequada à mão, pegou o gato da
família que ia passando (inadvertidamente, coitado! – gato também aparece no
lugar errado na hora errada, às vezes) e arremessou-o em direção à mulher. Esta
esquivou-se a tempo e o gato passou direto. Como a janela que dá para a rua
estava aberta, lá se foi o gato para o espaço aéreo externo.
Como gato não voa (nem mesmo na Argentina), o
bichano teria como destino estatelar-se em plena rua. Mas encontrou no caminho
a cantora de ópera Betty Deli, de 65 anos (não, não era uma gatona!), que ia
passando naquele momento (outra que estava no lugar errado na hora errada) e
chocou-se contra a cabeça da senhora. Ambos, gato e cantora, foram ao solo,
desacordados.
O casal parou imediatamente com a briga e foi
olhar pela janela o destino do bichano. Quando viram a cena precipitaram-se
para a rua e, constatando o estado da mulher, chamaram uma ambulância que
conduziu a cantora Betty Deli para um hospital. Em estado de coma, ela ficou
assim por mais de um mês e até hoje não se lembra do que aconteceu. Pior ainda:
não reconhece mais os membros da própria família, vive falando bobagens e se
tornou agressiva com as pessoas. A filha da cantora, Fátima, está acionando a
justiça argentina para pedir indenização do casal briguento alegando danos às
faculdades mentais da mãe.
E o casal e o seu gato? Dizem que as grandes
tragédias aproximam as pessoas e fazem esquecer ódios e rancores. É verdade. A
avaliação das tragédias, se grandes ou nem tanto, depende da avaliação de cada
um. Para o casal briguento, a tragédia por certo não foi pequena, visto que o
gato era, para eles, um membro efetivo da família, o sucedâneo de um filho que
não têm. Por isso, choraram juntos a desdita do bichano que morreu no choque
com a idosa, desmentindo a crendice popular de que os gatos têm sete vidas.
Isso é puro mito, pois o casal jura de pés juntos que o gatinho nunca tinha
morrido antes. Mas o seu fim foi nobre. Abalados, os brigões se reconciliaram e
hoje vivem em clima de paz e harmonia (mesmo porque tem um baita processo
judicial pela frente). A paz do lar voltou graças ao sacrifício do felino que,
a essas horas, deve estar no além, sentado à direita do deus dos gatinhos.
Imagem;
http://www.chongas.com.br
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