Um baiano nascido no século XIX e um mineiro
contemporâneo. Dois juristas ilustres que se notabilizaram, cada qual ao seu
tempo, no trato dos interesses da vida pública brasileira.
O primeiro era baiano e se notabilizou pelos
discursos inflamados e inflamantes no Congresso Nacional, desde o fim do
Império (que ajudou a sepultar) até os primórdios da República brasileira, que
ajudou a fundar. Deputado federal, senador e ministro (também foi candidato à
Presidência da República), sempre defendeu os mais legítimos direitos e anseios
da população e passou à história por suas veementes condenações a todas as
formas de desonestidade, acontecessem elas no âmbito oficial ou nos espaços da
privacidade. É dele aquela famosa alocução: De
tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver
crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de
ser honesto. Naquela época a palavra corrupção
não era de uso corrente, embora as práticas fraudulentas já existissem (e
abundassem). Se fosse habitual, certamente a palavra seria uma das mais
pronunciadas por Rui Barbosa, o Águia de Haia, que tanto orgulhou o Brasil na
II Conferência Mundial da Paz, em 1907, na cidade de Haia, Holanda, quando
defendeu os princípios da igualdade entre as nações.
O segundo está aí, entre nós. Quando Joaquim
nasceu, em 1954, Rui já estava morto e sepultado há 31 anos. Se vivo estivesse,
contaria com 105 anos de idade. O destemido Joaquim é mineiro de Paracatu e
exerce o seu mister no Supremo Tribunal Federal, onde se empenha, atualmente,
em esclarecer e condenar as falcatruas perpetradas contra o povo brasileiro
pelos quadrilheiros do chamado “mensalão”, um dos mais vergonhosos episódios da
recente “Nova República”. Não se acovardando diante do poder dos corruptos e
não tendo vergonha de ser honesto,
vem denunciando sistematicamente a todos os envolvidos no escândalo, numa
postura de autêntico sustentáculo das virtudes públicas, tão em falta nos
tempos atuais. Joaquim se mostra como exemplo e, na sua cruzada contra os males
praticados pelos que confundem o interesse público com os próprios, ainda que
escusos, está conseguindo atrair a esmagadora maioria dos seus pares na
instância maior do Judiciário brasileiro na seu embate pela redenção da
moralidade nas esferas públicas da pátria idolatrada.
Ontem, como hoje, esses Barbosa, ambos abraçando
as nobres causas do direito – Rui e Joaquim – realmente inflam o orgulho do
povo auriverde.
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