A Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo decidiu aumentar a carga horária de matérias
como filosofia e sociologia nas escolas públicas do Estado, mas voltou atrás
depois de uma repercussão negativa junto aos professores e dirigentes
escolares. Como esse aumento resultaria em prejuízo (em termos de carga
horária) para outras matérias, argumentou-se que matérias como matemática e
português deveriam ter prioridade no ensino. Os “educadores” paulistas
consideram que “filosofia para pobre é um luxo”, seria como “servir caviar em
casa que não tem feijão”.
Que os
estudantes vão mal em matérias como matemática e português não há dúvida – e
não é só no Estado de São Paulo –, mas será que a filosofia é a culpada dessa
situação? Há cinquenta anos o ensino fundamental tinha um terço a menos de
carga horária do que hoje, e os alunos saiam do “curso primário” (quatro anos),
como era chamado na época, sabendo ler e escrever corretamente e fazer – pelo
menos – as quatro operações aritméticas fundamentais. Hoje não. Depois de
quatro anos de estudo nem ler sabem, quanto menos fazer contas. Por algum
motivo a coisa deve ter involuido, e não foi por causa da filosofia, com
certeza! Os ilustres “educadores” paulistas deveriam se concentrar nas causas
da involução ao invés de procurar lobisomens em alto mar.
O paralelo
citado entre a filosofia e a miséria remete automaticamente a reflexão ao
filósofo grego Diógenes de Sínope, um dos mais talentosos discípulos de
Antístenes que, por sua vez, foi pupilo de Sócrates (um dos pais da filosofia
ocidental). Diógenes era um brilhante filósofo e... mendigo. Vivia da caridade
alheia e morava em Atenas, dentro de um barril. Dizia ser a pobreza uma virtude
e a posse de bens materiais o caminho da degradação do ser humano.
A vida de Diógenes é cheia de folclore. Segundo
a história, ele teria sido visto em determinada ocasião pedindo esmola a uma
estátua. Questionado a respeito, respondeu que o fazia por duas razões:
primeiro, porque a estátua não enxerga e, portanto, não o vê; segundo, porque
ela não lhe daria nada e assim ele aprendia a não depender dos outros. Mas a
fama mais relevante da vida de Diógenes se desenvolveu por conta do seu
costume de sair às ruas de Atenas, em plena luz do dia, com uma lamparina
acesa. Perguntado, dizia sempre que estava à procura de um homem honesto.
Diógenes vivia em Atenas, na Grécia, e não em Brasília.
As
imagens são dos quadros dos artistas John William Waterhouse e Jean-Léon Gérôme, respectivamente (acima
e abaixo), ambos denominados Diógenes. Fonte: Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br) e
Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3genes_de_S%C3%ADnope).
Imagens: Wikipédia.
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