Estamos numa época em que muito se fala em “nova
era”, especialmente quando a ideia é associada ao famoso calendário maia e sua
previsão de “fim do mundo” para o mês de dezembro vindouro (nesse particular a
questão é frequentemente ligada à chamada “Era de Aquário”). Com efeito,
numerosos são os “estudiosos” que vinculam a data fatídica dos maias ao
surgimento de uma nova ordem universal em que novos valores viriam para
substituir a filosofia dominante no planeta, claramente orientada à valoração
da materialidade em detrimento das
virtudes do espírito humano. Alguém já chamou essa tendência de “renascimento
do fenômeno religioso”.
Nesse contexto de novos conceitos e novas ideias
aflora o renascimento da tendência natural do ser humano em direção às práticas
religiosas com insuspeitadas exclusões das crenças mais tradicionais e mais
difundidas, como o cristianismo, o islamismo e o judaísmo (geralmente excluídas
aquelas normalmente associadas ao Oriente, como o budismo, o induismo, o
brahmanismo e outras). Em paralelo, verifica-se, no seio das religiões
tradicionais, o surgimento (em determinados casos) e o fortalecimento (em
outros) de segmentos internos, como o caso da Cabala no judaísmo. Como
resultado dessa (des)ordem generalizada, assistimos ao florescimento de
práticas pouco ortodoxas fortemente ligadas ao misticismo, à magia e ao
sobrenatural.
Uma dessas práticas atende pelo nome de palo. O nome certo da crença deveria ser nganga, em honra às suas raízes
enterradas na África Central, de onde veio a seita acompanhando as levas de escravos
trazidos para países da América caribenha, como Cuba, Porto Rico e República
Dominicana. Na América do Sul essa crença ficou restrita a regiões específicas
da Venezuela e aos poucos invadiu os EUA por conta da população afro-latina que
para lá se transferiu em épocas posteriores. Na África, especialmente no Congo,
a tribo bantu constituía o principal
reduto da seita. O nome palo é de
origem espanhola e, no caso específico, refere-se à madeira (palo = pau) com que eram confeccionados
os totens e as imagens veneradas pelos praticantes, bem como aos cercados de
pau em que eram delimitados os terreiros das práticas religiosas.
As raízes africanas, evidententemente, conduzem
à conclusão de um estreito relacionamento do palo com as seitas africanas largamente conhecidas no Brasil, como
o candomblé, a umbando e a quinbanda. É com esta última que o palo mais se identifica. O fundamento
principal do palo está ligado à
natureza e à veneração dos espíritos dos mortos, especialmente dos ancestrais.
Essa particularidade talvez explique a disseminação da crença entre os
escravos, pois a forçada disjunção familiar certamente os levava a cultivar
lembranças intimamente relacionadas com os ancestrais.
Alguns rituais do palo chegam a merecer o rótulo de macabros, como as cerimônias
envolvendo ossos de cadáveres e terra de cemitérios. Por isso o palo é considerado uma seita satânica
pelos religiosos tradicionais. A cidade de Guayama,
em Porto Rico, é considerada a “cidade das bruxas” pois é onde se concentra uma
grande quantidade de praticantes e é o reduto de muitos terreiros (nganga) onde se praticam os ritos.
Imagens:
http://minilua.com/religioes
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